1969...
O ano em que o homem pisou, pela primeira na Lua...
Criei para mim algumas idéias e crenças e isso fez-me ter a certeza de que não sonharia com estrelas. A Lua me bastaria. E foi!
Apontar estrelas dá verrugas nas pontas dos dedos.
A Lua é dos amantes. É das noites. Das bruxas. Dos homens meio lobos, dos lobos meio homens. Dos pescadores. De Iara, mãe d’água.
Lembro que tão pequenina menina, pedi a Lua!
Minha irmã, sábia, mais velha e sonhadora. Prometeu dar a Lua à mim. Daria um pedaço apenas. Numa caixinha e com laço.
Não! Eu não quis!
Para que? Se a teria toda minha? Inteira pra mim. Inteira em mim.
Quanto mais da Lua sei....mais de mim percebo.
A Lua viaja ao redor da Terra ao longo do mês, ela passa por um ciclo de fases, durante o qual sua forma parece variar gradualmente. O ciclo completo dura uns 29 dias. A Lua é mulher! Será que a Lua menstrua??
Vê?
Tão eu! Este meu modificar escandaloso ao longo de um período. As fases que me tomo.
Dentro dela não há São Jorge...apenas um dragão! Que cospe fogo, briga, luta, batalha e machucando se machuca.
Este é o mundo da Lua.
Este é o mundo em mim.
O mundo deu-me um amor.
Perigoso dragão!
Amor feito de insulto... e pranto... e riso.
Amor que me leva do inferno ao paraíso.
Amor que me dá a Lua.
Amor que me tira o chão.
Mas se meu mundo é o mundo da Lua...Para que necessito chão?
Pois se cravar meus pés em terra...Perco a Lua...perco o amor....Perco meu único pedaço de pão!
Mas...
Só até que passe o momento...essa fase, pois não!?!
Renovada Lua...Nova...Forte...Cheia de mim, renasço e sobrevivo então!
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