terça-feira, 13 de julho de 2010

Essa é mesmo uma terra abençoada!
Ontem quando o mundo aqui parecia caminhar para o deserto...quando o ar já não era suficiente...quando nenhum nariz conseguia encontrar a respiração adequada...o sol trazia uma imagem que me lembrou "Mad Max"...
Olhei os cães nas ruas e eles pareciam ter línguas imensas, os olhos buscando a razão daquele instante desértico.
Por um segundo, pensei: - E se tudo se acabasse agora? Deus!! Tanto por fazer! E algumas coisas, por que faço?? E se tudo se acabasse agora?
Mas hoje, quando acordei, o dia estava lindo. Calmo, manso, límpido apesar da chuva que ainda cai. Eu ia colocar uma toalha na cabeça para me proteger até chegar em meu carro. Mas não o fiz! Não quis proteção nenhuma pra isso. Quis a chuva molhando , quis a chuva caindo em mim...Me mostrando que ontem era tudo seco e quente. Que ontem era tudo diferente... Hoje, uma chuva tranquila trouxe a sensação de friozinho, de vinho, fundue, chocolate quente, ficar agarradinho, beijar no cantinho da orelha...fazer cócegas no nariz...
Então, vejo...Tudo pode mudar!
Quando tudo parece deserto, seco, sombrio, quando já não há saída...Há saída!
Uma vez me disseram: "Deus bagunça tudo, para depois colocar no lugar"!
E é.
Se o mundo ontem parecia acabar...Hoje é lindo, puro e adoro respirar esse ar que traz um cheiro de terra deliciosamente molhada. Porque tudo muda, só a mudança é permanente!
A gente aprende...
Só não aprende...quem não quer!

Se não for agora, quando?




Tem hora de parar e tem hora de partir.

Tem hora de permanecer quieto e calado num canto,

e tem hora de cantar e de voar.

Agora, agora não é hora de dobrar as asas,

nem de calar a voz,

nem de catar gravetos para fazer o ninho.

Agora não é hora de sentir remorsos.

Não é hora de buscar consolo,

nem de caiar o túmulo.

Agora que estou na beirada,

bêbado de alegria

e pronto para o salto,

não me segure em nome de nada.

Não queira impedir-me

dizendo que é muito cedo,

ou que é muito tarde,

ou que está escuro, é perigoso, muito alto,

muito fundo, muito longe...

Não!

Se você não puder incentivar-me para o salto;

se você não puder empurrar-me

em direção à Vida,

então não me segure.

Não me prenda, nem me amarre.

Não envenene com teu medo a minha dança.

Seja só uma silenciosa testemunha desta vertigem.

Porque agora, agora é hora de voar.

É hora de abrir-me a todas as possibilidades.

E saltar num vôo livre e sem destino

para dentro de mim mesmo.

                                                                          ...Tinha que ser ele...Edson Marques

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Lembra disso, Flor?

"Você que vive nas indeterminações dos processos, nesta entrega, intrínseca no fôlego do seu existir, das coisas que te parecem vagas, que te parecem aceitas, entre a aceitabilidade possível e a sua luta para mudar tudo.



E você continua nessa forma, nesse caminhar, sem a presença de quem sonhou, apenas com a realidade que aos poucos deixa de ser.


Você na imensa capacidade de se levantar, desconstrói-se, fragmenta-se e perde-se nos resquícios do tempo, onde o tempo tudo move.


Este mover te pertence, sim, perde-se na intemporalidade de tudo o que possa passar.


Naquele dia deixou de pensar e o pensar acomodará como tudo o que ficará estático.


Essa fase em sua vida foi uma vertigem, um deslumbramento de uma chuva de estrelas. Você quis segurar o vento em mãos fechadas, mas ele se foi...


E eu, em minhas orações pergunto à Deus: "Por que é assim? Por que tem que ser assim com você, que tantas alegrias merece, que tantas alegrias dá?"


Um dia, eu sei, ainda nos lembraremos bem, daquelas palavras pronunciadas em tom de certeza. Certeza meu Deus, como se alguém tivesse alguma certeza, de alguma coisa.


Um dia tudo soará tão distante, verá!


E sentirá a placidez desse ressecado lago, com vida, sim, mas sem nada mais do que isso, e tudo seguirá como se nada tivesse se perdido, como se o tempo não te arrancasse bocados, como se a alma não se ressentisse do frio dos dias.


Alguém te disse coisas dolorosas, é verdade, disse-o porque sentia ou porque queria sentir...Mas não significa serem verdades as monstruosidades por nós escutadas, mas jamais ouvidas!


Porque você é forte...firme...guerreira e ficou quando o espírito corria a todo vapor na direção oposta.


E o que te restou foi o fim da linha, foi amar desesperadamente no fim dos capítulos, foi pedir ao mundo amor quando quem esteve ao seu lado só matava a fome com migalhas porque ele agonizou diante de sua mesa farta...para quem nada tem...nada sabe receber...O que você deu, foi tanto, que não soube o que fazer diante da vastidão de seus sentimentos, minha flor!


Deus me ouvrirá e não deixará que você ao acordar um dia, não saiba o que fez do tempo que passou entre o sonho e a solidão.


Um dia, dirá apenas que já não importa o que o vento disse...porque tudo se foi...Voou...como pó que é.


E em suas mãos de sopro de luz e felicidade, estará a alegria do "por vir"...E tudo virá quanto mais você sonhar...Em suas mãos...


Eu prometo! "

O seqüestro da subjetividade e o desafio de ser pessoa.



É muito simples a pergunta do título.


Alguma vez na vida você já sentiu que você foi roubado? Mas não um anel, uma camisa, não, não é a sua carteira, nem o celular, não. É aquela sensação de que você estava ausente de você mesmo, aquela sensação de vazio quando depois de um relacionamento que terminou, você tem a sensação de que aquela pessoa levou boa parte de você embora. Quando alguém morreu e você tem aquela sensação de que o outro levou você embora. Você também já pode ter experimentado na vida, ver o seu filho nas drogas, por exemplo, seu filho já não é mais dono da vida dele porque se ele fosse, ele pararia com o vício naquele momento que ele decidisse, não é verdade? Quantas pessoas alcóolatras, quantas pessoas viciadas em drogas, maconha, cocaína, craque...não são donas mais das sua vontades porque a droga seqüestrou aquilo que elas têm de mais precioso que é o direito de decidir o destino da própria vida. Esse livro trabalha isso, minha gente, muitas relações humanas são roubos, não roubam o nosso corpo, roubam a nossa alma. Todo processo do diabólico no mundo – diábolos do grego – já diz isso aqui, é tudo aquilo que quebra, tudo aquilo que separa que desune e todo processo do diabólico no mundo, está justamente pra nos roubar, ao contrário do simbólico que nos devolve, que nos congrega.
Nós estávamos falando aqui do jantar, o jantar é uma realidade simbólica, você já parou pra pensar quando você come, por exemplo, o alimento que você está comendo está lhe devolvendo aquilo que seu organismo perdeu no momento que ele trabalhou...as vitaminas, os sais minerais, o ferro, as proteínas, por isso que nós precisamos comer de maneira saudável, o alimento nos devolve a vitalidade, pois bem, existem realidades humanas que têm o poder de nos devolver a nós mesmos também, quando a gente teve aquela sensação de que a gente foi roubado lá no fundo da alma, assim como o alimento tem o poder de nos devolver a vitalidade do corpo, nós temos muitas formas de buscar a devolução daquilo que nos foi roubado ao longo da vida. Nós acreditamos numa religião assim, que tenha o poder pela palavra de Deus, pelo poder da oração, pelo poder da reflexão devolver as pessoas à elas mesmas no momento em que elas percebem que foram roubadas. E nós somos roubados mesmo, a capa já ta dizendo tudo – é um rapaz retirando a máscara, é ele voltando a ser ele mesmo – muitas vezes nos relacionamentos que nós assumimos, a gente acaba se transformando no que o outro quer que a gente seja, muitas vezes em nome do amor nós colocamos máscaras nas pessoas, nós não permitimos que elas sejam elas mesmas e isso é gravíssimo, nós sofremos muito nos momentos em que nós não somos nós mesmos porque é muito triste você não ter liberdade para agir.
Medo, por exemplo, aqui a gente trata disso. Quando a gente sente medo, nós estamos privados de sermos nós mesmos. Falo daqueles medos que são fobias, né porque o medo é natural, ele nos alerta para o perigo, mas por exemplo, aquela pessoa que tem medo de amar de novo só porque ela foi traída no passado, aquele traidor na verdade, ele teve o poder de seqüestrar a sua capacidade de que ela poderia ser amada. Então nós precisamos buscar as suas devoluções, nós não podemos viver ausentes de nós mesmos, se não outras pessoas vão tomar conta da nossa vida e nós não queremos isso, não. O Evangelho é sempre uma proposta de retomada da própria vida, é como diz o Eto, "administrar a própria vida é o negócio mais urgente".
 (Padre. Fábio de Melo)

sábado, 10 de julho de 2010

Padre Fábio de Melo


"A maior prisão que podemos ter na vida é aquela quando a gente descobre que estamos sendo não aquilo que somos, mas o que o outro gostaria que fôssemos.
Geralmente quando a gente começa a viver muito em torno do que o outro gostaria que a gente fosse, é que a gente tá muito mais preocupado com o que o outro acha sobre nós, do que necessariamente nós sabemos sobre nós mesmos.
O que me seduz em Jesus é quando eu descubro que nEle havia uma capacidade imensa de olhar dentro dos olhos e fazer que aquele que era olhado reconhecer-se plenamente e olhar-se com sinceridade.
Durante muito tempo eu fiquei preocupado com o que os outros achavam ao meu respeito. Mas hoje, o que os outros acham de mim muito pouco me importa [a não ser que sejam pessoas que me amam], porque a minha salvação não depende do que os outros acham de mim, mas do que Deus sabe ao meu respeito".


sexta-feira, 9 de julho de 2010

Vinícius de Moraes


Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outro s afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências ...

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles.

Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.

Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure.

E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.

Se todos eles morrerem, eu desabo!

Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.

E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.

Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer...

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os.